domingo, 6 de março de 2011

Sexualidade

Ao ler ou conversar sobre a sexualidade, todos os preconceitos envolvidos, percebo, cada vez mais a importância do professor. Sei que somos despreparados para lidar com este assunto e muitas vezes acabamos transmitindo mais preconceitos.
Estudando, pesquisando me deparo com situações antes não pensadas: até antes de nascer os meninos são mais cercados de pontos positivos. A barriga que acalenta uma menina é larga, manchada, praticamente horrível! Que absurdo! A barriga da mãe de um futuro menino é lisa, bonita, pontuda.
Meninas são levadas a um romantismo exagerado, a uma fragilidade que prejudica, a uma imagem negativa.
Fui dar um curso sobre alfabetização no nordeste e conversando com a população, constatei que eles têm muitos filhos porque senão surgem comentários de que o marido não é homem. Tem-se muitos filhos, não há como alimentá-lo, oferecer estudos, dar uma vida digna.
Em sala de aula encontramos de tudo. Pais que espancam filhos que demonstram trejeitos femininos ou meninas com traços masculinos. Tive um aluno que não foi criado com o pai (figura abominada pela mãe) ,ele foi criado pela mãe, pela avó, pela tia, pela madrinha e teve uma irmã. Ou seja, ele não teve referencial masculino. A culpa é dele? Ele vai querer ser homem? Em sua cabeça homem é sinônimo de falsidade, sofrimento, violência. Mas ele não era homossexual e conforme foi crescendo, entrando na adolescência, surgiram muitos conflitos no campo sexual. Não sou psicóloga e não posso afirmar nada no campo científico, apenas relato o que observei.
Ainda hoje vemos a separação de tarefas. Existem aquelas destinadas tradicionalmente para as mulheres: lavar, passar, cozinhar... E as tarefas destinadas aos homens.
A família contemporânea mudou. Hoje, nas reuniões de pais já encontramos casais homossexuais. São raros, mas encontramos. Ou família onde a mãe é pai e mãe. Ou o pai é mãe e pai (mais raro) ou famílias onde a avó é tudo! A avó que cria, educada, acolhe, trabalha para sustentar, não só a criança como as mães das crianças.
Nossas autoridades deveriam começar um programa que levasse a população a refletir mais e assistir menos BBB 11!

2 comentários:

  1. Olá, meu nome é Marco Aurélio, sou professor da rede pública dos municípios de Itapeví e Jandira. Essa questão da estrutura da família realmente afeta, ou, no mínimo influencia muito na sexualidade da criança. Vejo, no meu dia-a-dia, uma diversidade de valores dentro de minha sala de aula, confesso que me deparo com algumas situações que às vezes me levam a refletir muito. Outro dia, estava indo trabalhar e chegando na porta da escola vejo um aluno (entre 6 e 7 anos) arrancando uma flor de uma planta da escola para entregar a sua professora. Seria muito lindo se não fosse sua mãe dando-lhe uns tapas em suas mãos e dizendo que "esse negócio de dar florzinha para professora é coisa de boiola." Que tipo de ser humano será que aquela senhora está formando? Talvez uma pessoa incapaz de demonstrar carinho? Eu não a culpo, ela não chegou a essa mentalidade sozinha. Isso já virou cultura, esta mãe apenas está transmitindo esse valor ao seu filho. Esses valores [negativos] acentuam o preconceito, a homofobia, a violência, a intolerância e outro comportamentos desviantes que só fazem retroceder o processo de interação social.
    Concordo com você Janete, o Estado deveria se preocupar com a formação da população, acho que ainda se deram conta que o desenvolvimento se dá pela Educação, precisamos criar uma nova realidade social e o caminho, com certeza, não é pelo BBB11.

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  2. Ler um texto tão forte e, ao mesmo tempo, tão cheio de ternura me faz acreditar em um mundo melhor. São pessoas como você, Marco Aurélio, de coração aberto e disposto a lutar por uma educação de qualidade que plantam sementes de tolerância.

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